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 PROJETOS

Ciclos de muda de penas e reprodução tendem a apresentar pouca sobreposição devido aos altos custos energéticos envolvidos, sendo eventos sincronizados e temporalmente bem definidos em comunidades de aves tropicais. Porém, em áreas degradadas e/ou em restauração, estresses ambientais poderiam alterar localmente esses padrões. O presente estudo objetivou analisar o padrão de muda de penas e reprodução da avifauna de uma área de revegetação na Mata Atlântica do sudeste do Brasil, avaliando sua sobreposição temporal. Registramos as variáveis ambientais temperatura, pluviosidade e fotoperíodo para análise de sua relação com os eventos descritos. A amostragem foi realizada de maio de 2016 a abril de 2017, com redes de neblina, e obtivemos 85 capturas de 36 espécies. O período reprodutivo iniciou-se em julho, com auge em novembro, não havendo relação com nenhuma variável ambiental. O período de muda de penas concentrou-se entre agosto e abril, com ápice em janeiro, estando este evento relacionado com a temperatura e o fotoperíodo. A sobreposição entre os eventos foi de 11% (N=9), porém apenas um indivíduo apresentava placa de incubação em estágio máximo, corroborando com a tendência em evitar a sobreposição desses ciclos, mesmo em locais como esse, que sofreram degradação ambiental.

O estudo da dieta das aves possibilita uma maior compreensão das relações tróficas entre os organismos e o meio em que vivem, e pode fornecer importantes subsídios para avaliação de programas de revegetação. Visto que dados sobre o assunto em áreas de restauração florestal ainda são novos no Brasil, o presente estudo objetivou amostrar a dieta da avifauna em um reflorestamento na região de Itu, SP (23º14’04S; 47º24’06”W). Para isto, capturamos as aves mensalmente, durante um ano, utilizando redes-de-neblina. Os indivíduos capturados foram colocados dentro de sacos de pano individuais com papel filtro para a coleta das fezes. Ao final, obtivemos 88 capturas de 23 espécies que resultaram em 30 coletas fecais. Predominaram na dieta, invertebrados não identificados com 77% (n=26), além de Araneae (30%; n=9), Lepidoptera (17%; n=5), Coleoptera (13%; n=4), Hemiptera não-Heteroptera (7%, n=2), Orthoptera (3%, n=1), Hymenoptera (3%, n=1), Hemiptera não-Formicidae (3%, n=1) e Isoptera (3%, n=1). Com relação às sementes e frutos, encontramos quatro morfoespécies. Classificamos as espécies nas guildas tróficas das Insetívoras (n=8), Onívoras (n=8), Granívoras (n=6) e Frugívoras (n=1). Observamos uma predominância da guilda de insetívoras de sub-bosque, que forrageiam diretamente ou próximos ao solo, as quais são mais sensíveis a fragmentações do habitat. Estudos dessa natureza podem contribuir para o entendimento e avaliação do sucesso de programas de revegetação, servindo como um parâmetro de comparação para futuras avaliações.

Dieta de aves em uma área de restauração florestal na Mata Atlântica no sudeste do Brasil
Influência do uso da terra nas aves consumidoras de artrópodes em uma cultura agrícola no sudeste do Brasil 
Padrões de muda de penas e reprodução de aves em uma área de revegetação na Mata
Atlântica do Sudeste do Brasil

P. G. Bisetto, D. J. Moreno, M. A. Melo, B. C. Ribeiro e A. J. Piratelli

B. C. Ribeiro, D. J. Moreno, M. A. Melo, P. G. Bisetto e A. J. Piratelli

D. J. Moreno, M. C. Ribeiro, A. J. Piratelli
As mudanças de ambientes naturais para a conversão em áreas de cultivo são bem comuns em áreas de Mata Atlântica. Consequentemente, o Bioma encontra-se muito fragmentado ou em poucas áreas de mata contínua. Mudanças na paisagem podem afetar a biodiversidade de aves, incluindo a composição de espécies nas comunidades. Isso pode causar mudanças na diversidade funcional (DF) e nas funções ecológicas que, muitas vezes, são desempenhadas de maneira diferenciada. Nesse sentido, o presente trabalho busca investigar como a paisagem pode afetar as aves e sua função ecológica de consumo de artrópodes em um cultivo agrícola circundado por um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica existentes. Nossas hipóteses é que a variação ambiental possa afetar a comunidade de aves, a sua DF e em um controle de pragas agrícolas menos eficiente em relação à uma avifauna mais preservada e especialista. Para testarmos isso, faremos levantamentos das aves com pontos de escuta. Os dados morfológicos para cálculos da DF serão obtidos por meio da literatura existente. Posteriormente, analisar como isso afeta a herbivoria nas plantações de uvas com dados de abundância de artrópodes e predação de lagartas artificiais. Esperamos que quanto mais homogênea a matriz circundante e mais distante da mata contínua o cultivo de uva esteja, menos eficiente seja a predação e mais danos foliares sejam encontrados devido à menor predação feita pelas aves. Pretendemos ter dados para mitigar ações conservacionistas de áreas remanescentes de Mata Atlântica e auxiliar no planejamento do uso de terras.

© 2017 por Laboratório de Ecologia e Conservação da UFSCar Sorocaba. Orgulhosamente criado com Wix.com

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